A síndrome da pressa e a recusa de pensar

HurryQuando perguntamos para executivos ou profissionais em geral sobre como vão as coisas, é recorrente escutarmos algo parecido como: “Estou na maior correria!”. A sensação é de que quase todo mundo está com pressa. Mesmo que não se saiba exatamente para onde, parece que todos estão “correndo”. E o interlocutor acrescenta: “Não tenho nem tempo de pensar!…”. Realmente, essa parece ser a resposta aos estímulos do meio em que estão inseridos. Essa pressa parece uma síndrome que tomou conta da maioria das pessoas, mesmo que muita atividade não seja sinônimo de produtividade e eficiência.

Também em meio a cacofonia das redes sociais, nas quais tornou-se hábito compartilhar e passar adiante informações, artigos e outros materiais – prática em si muito boa de construção coletiva de conhecimento, reconheça-se -, temos a sensação de que muitos abdicaram de qualquer análise crítica, isso quando nem mesmo se leu o que foi passado adiante.

A lógica do marketing imediatista de si mesmo se junta a fatores que seriam causas para a recusa de pensar.

No artigo “A banalidade de Dilma”, Fernando Gabeira1, comentando o discurso da presidente ora afastada Dilma Rousseff, quando da visita do Papa Francisco ao Brasil, externou à época “a sensação [de que] ela se recusou a pensar ao aceitar ler [o] texto que lhe foi passado”. O jornalista acrescentava que o discurso “foi uma tarefa de militante” e mencionava que tal recusa possivelmente não se devia “apenas ao deslumbramento com a engrenagem ou mesmo a ilusão de que nunca [se] possa cometer erros”.

Gabeira apontava fatores de recompensa e punição como importantes em organizações rigidamente hierarquizadas, similarmente, ao nosso ver, a empresas em que embora o discurso seja de participação, ainda praticam dissimuladamente a cartilha do controle, assim como o disfarçado narcisismo das altas posições.

Constatamos também a quase impossibilidade de se dedicar tempo e prioridade ao que não pareça imediato. Tudo é “urgente” e os temas de curtíssimo prazo prevalecem, não se dando tempo para que novas ideias ou iniciativas floresçam e ganhem corpo.

Paradoxalmente, fala-se muito em mudar a empresa para uma cultura voltada para criatividade e inovação. A busca de diferenciação também é uma constante e, mesmo os indivíduos, em meio à competição por posições cada vez mais disputadas, buscam diferenciar-se.

Ocorre que, na prática, ao operar pela mesma lógica de resultados de curto prazo e estando também sob pressão para reagir às demandas do momento, as mesmas “normalidades” do meio acabam sendo reforçadas por aqueles que são contratados para “aconselhar” os clientes. Na maioria das vezes, a ótica idealista de mudar a realidade através de “fórmulas” e métodos pré-estabelecidos é o que mais se constata, mesmo que a realidade de cada grupo e de cada indivíduo seja inconclusa e os fatos não sejam fixos e consumados. No lugar deles, há apenas processos, ou seja, relações dinâmicas, nas quais uma mediação do pensar criativo e estratégico faz-se necessária.

Não queremos, porém, ficar apenas nessa constatação de que é suficiente compreender a necessidade de pensar criticamente a realidade e as ações a implementar. Retomando Gabeira em seu artigo1, “uma sucessão de equívocos é possível porque a pessoa deixa de pensar, mas também tem medo de ser engolida pela engrenagem, cujo combustível é a obediência canina”. Dito de outro modo, o desejo de agradar a todos tem um papel aqui.

No final, quanto mais sensível e aguçada seja a leitura que qualquer um possa fazer da realidade, melhores serão as possibilidades de uma intervenção criativa ter sucesso. E essa habilidade pode ser aprendida e praticada, quando mobilizamos as habilidades dos pensares crítico, criativo e estratégico. Portanto, em meio à geléia geral na qual “fórmulas” várias são vendidas, receitadas e aplicadas indiscriminadamente, desenvolver os recursos do pensar é o investimento prioritário.  Para você, para as nossas vidas, para as empresas, organizações, instituições e para o País.

E existe uma metodologia para esse pensar transformador.

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1 – “A banalidade de Dilma”, Fernando Gabeira. Jornal Estado de S. Paulo, Editoriais, edição impressa de 02/08/13.