Cada vez mais, business as unusual

Gold key

Transformar inovação em crescimento é a tradução do encontro entre criatividade e resultados.

A crença de que em time que está “ganhando” não se mexe ainda está viva nas mentes e corações de muita gente nas organizações, que seguem acreditando que continuar fazendo as mesmas coisas que sempre fizeram garantirá o suficiente para o sucesso. É o velho axioma do “se não está quebrado, não conserte”. Entretanto, muitos negócios que seguem esse conhecido “Business as Usualestão quebrados; o que ocorre é que as empresas simplesmente não percebem ou relutam em reconhecer a situação. Casos, por exemplo, em que as vendas até estão altas, mas as margens já não são as mesmas e não há fluxo de caixa; ou aquelas com alavancagem exagerada, ou ainda, aquelas que apesar de todas as indicações de que algo diferente teria que ser feito, seguem defendendo o status quo, com variados argumentos “racionais” e justificadores. Algumas empresas eventualmente assumem que um antigo modelo mental limitante está presente, porém seguem na mesma batida, ficando vulneráveis a concorrentes mais agressivos ou a mudanças inesperadas no setor a que pertencem.

O que constatamos em diversas organizações é um conjunto de crenças limitantes que convencem muitas pessoas que a empresa pode ser somente o que ela foi ou já é, ou uma vaga noção de que as coisas simplesmente não poderiam ser feitas e que um crescimento explosivo seria apenas um sonho. Perde-se a habilidade de um pensar transformador, que pode gerar possibilidades sem limites e cheias de potencial. Paradoxalmente, fala-se muito em mudar a empresa para uma cultura voltada para criatividade e inovação. Diferenciação é também uma busca constante.

A mudança de mentalidade começa quando o modelo mental se afasta do “Business as Usual”. Isto significa mudar a maneira com que os funcionários pensam a organização, significa mudar o que eles acreditam sobre eles mesmos e o que é possível para a empresa alcançar. Implica também dedicar tempo e prioridade ao que não pareça imediato. Em geral, no modelo “Business as Usual”, tudo é “urgente” e os temas de curtíssimo prazo prevalecem, não se dando tempo para que novas ideias ou iniciativas floresçam e ganhem corpo.

Se a sua empresa tem uma equipe devotada a operar o dia a dia, quanto tempo deles ou que outros recursos são dedicados a pensar e a elaborar o que virá em seguida? Qual é a próxima onda de mercado e o que ofereceremos de novidade? Que produtos ou serviços serão responsáveis pelo rejuvenescimento das fontes de renda? Não se trata de adotar uma “agenda sonhática”, mas de combinar a gestão do dia a dia com um espaço na agenda para a estratégia e a inovação.

Na verdade, cada vez mais, a inovação deve ser parte integral dos objetivos de negócio, partindo-se da simples concepção de que se precisam encontrar soluções para os problemas, seja através de soluções já existentes ou de melhorias nelas, seja através de novas e diferenciadoras soluções. Assim, sem muito olho no futuro, sem dúvida já há a necessidade de se ter uma articulada razão de negócios para inovação. Não é simplesmente inovar por inovar. Inovação é um meio para se alcançar um fim. Porém, se nos estendermos para além da resolução de problemas, o crescimento desejado pode não ser alcançado pela estratégia atual ou por aquisições, por exemplo, mas por um desafio específico que requer soluções completamente novas e a execução de uma estratégia voltada para inovação, colocando a criatividade no centro da elaboração da estratégia, permitindo-se sair da costumeira abordagem racional da estratégia “certa”, ou da busca de uma “verdade”, pronta para ser “descoberta”.

O que acontecerá às vendas e lucros se sua empresa não inovar? Considerando a velocidade com a qual os negócios mudam, eles serão sustentáveis se novos produtos e/ou serviços não forem oferecidos? Qual o custo ou o que significaria se um competidor ou novo entrante adotasse no mercado aquela ideia que sua empresa descartou por priorizar apenas os negócios atuais ou por continuar a defender um negócio declinante?

Ao final, é a combinação dos objetivos de curto, médio e longo prazo que pode trazer perenidade para os negócios. O crescimento será alimentado pelos resultados do dia a dia e, mais à frente, também por constantes iniciativas de inovação que se configurarão em novos negócios e que serão  o novo “dia a dia”.

Transformar inovação em crescimento é a tradução do encontro entre criatividade e resultados. Para isso, dentre outros, alguns componentes são essenciais para qualquer negócio obter um crescimento sustentável e dirigido por inovação: liderança, cultura e processos, ou seja, líderes que assumem e apoiam o esforço geral,  o que inclui uma cultura voltada para inovação e processos de gestão que a direcionam.

Concluindo, alem da gestão diária da saúde financeira dos negócios, um pensar e fazer para uma estratégia de médio e longo prazo e para inovação fazem-se necessários. Cada vez mais. E não esquecendo que, é na boa execução de uma estratégia ou na adoção prática de uma ideia que os resultados efetivamente acontecem. 

© Gilvan Azevedo.