Série “Fundamental” – Sobre aprendizado constante
A obra de Descartes combina autobiografia com a exposição do seu próprio método, que buscava fundamentos para o conhecimento através da razão, sendo um clássico do racionalismo, que de certo modo desprezava o elemento empírico (a experiência do mundo). Um aspecto bem interessante do texto deste filósofo francês é o processo argumentativo, totalmente encadeado e linear. Talvez daí passou-se a tomar o adjetivo cartesiano como sinônimo de racional e, no limite, até mesmo como algo obtuso e demasiadamente linear.
Apesar de obviamente discordarmos de tal abordagem parcial, que – pobre Descartes! – se convencionou chamar de “cartesiana”, métodos são necessários em várias esferas da vida. O velhinho guru Peter Drucker dizia que deveríamos adotar a máxima de “buscar estudar em profundidade um novo assunto a cada 2 ou 3 anos”. Diríamos, para não colocar de uma forma tão definitiva, pelo menos explorar diferentes áreas de conhecimento, seguindo algum método até mesmo de lavra própria.
Em nosso estudos exploratórios então, nos deparamos exatamente com uma citação de Descartes, que traduz bem este espírito de aprendizado constante, que consideramos também fundamental para o desenvolvimento do pensar criativo e inovador:
“Julgo ter tido muita felicidade de me haver encontrado em determinados caminhos que me levaram a considerações e máximas, das quais formei um método, pelo qual me parece que eu consiga aumentar de forma gradativa meu conhecimento, e elevá-lo ao mais alto nível a que a mediocridade de meu espírito e a breve duração de minha vida lhe permitam alcançar. (…) Contudo, pode ocorrer que me engane, e talvez não seja mais do que um pouco de cobre e vidro o que eu tomo por ouro e diamantes. (…)
Mas apreciaria muito mostrar, neste discurso, quais os caminhos que segui, e representar nele a minha vida como num quadro, para que cada um possa julgá-la e que, informado pelo comentário geral das opiniões a respeito dela, seja esta uma nova forma de me instruir, que acrescentarei àquelas de que tenho o hábito de me utilizar.” (trecho de Discurso do Método”, de Descartes).
O que vocês acham?